Mês teve quase 9.800 sepultamentos, 4 mil a mais do que maio do ano passado; número é termômetro de saúde pública avanço da Covid-19.
O número de sepultamentos na cidade de São Paulo aumentou 69% em maio deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado, de acordo com um levantamento obtido pela produção do Jornal Hoje com dados da Prefeitura. Foram 9.794 mortes em maio, 4 mil a mais do que no mesmo mês do ano passado (5.799).
O número de sepultamentos em geral na cidade aumentou mês a mês, inclusive antes de março, quando foi registrada oficialmente a primeira morte por Covid-19. Abril tem a segunda maior alta em relação ao mesmo período do ano anterior: 51%, como mostra a comparação de janeiro a maio deste ano com o mesmo período de 2019.
Maio também foi o mês com mais mortes por Covid-19. Foram mais de 2.500 na capital paulista. Nesta sexta-feira (5), a cidade registrou mais de 4.805 mortes.
Número de enterros tem alta todos os meses: crescimento foi de 69% em SP em maio de 2020 em relação a maio de 2019 — Foto: Reprodução/TV Globo
Uma das vítimas do mês de maio é o Ariní Salles, de 76 anos. A missa de sétimo dia foi no dia do aniversário de casamento dele.
“Era para a gente estar comemorando 54 anos de casado dele com a minha mãe e ele falava muito, ‘vou casar de novo quero meus filhos juntos’, infelizmente não deu tempo”, conta Vivian Sales, filha de Ariní.
5 enterros em meia hora
O cemitério da Vila Formosa, na Zona Leste de São Paulo e considerado o maior da América Latina, faz até cinco enterros a cada meia hora.
Em um dia de grande movimento, as famílias ficam do lado de fora, esperando o momento de enterrar parentes. A van do serviço funerário passa a ser seguida por uma longa fila de carros. A equipe usa proteção especial.
Não há velório. O máximo que os parentes podem fazer é andar alguns passos segurando o caixão e observar por alguns instantes. Não dá tempo e nem é seguro fazer qualquer cerimônia.
De acordo com Edson Aparecido, secretário municipal de Saúde de São Paulo, o número de sepultamentos é um dado importante para tentar controlar a pandemia de Covid-19.
“Do ponto de vista de saúde pública, os três dados mais importantes são números de casos confirmados, as internações e depois os óbitos que evidentemente se consolidam com sepultamentos. É fundamental para ter um termômetro preciso de como a doença acontece na cidade de São Paulo”, afirma.
Segundo a Prefeitura, as mortes provocadas por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) aumentaram em uma época fora do comum.
“É mais normal nesse período que estamos entrando agora, que é junho, julho e agosto com mudança da temperatura. A partir do dia 10, 11 de janeiro, o sistema de saúde público na cidade já iniciou a preparação para o enfrentamento da pandemia e ali a gente já via o crescimento da síndrome respiratória”, afirma Aparecido.
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